terça-feira, 24 de abril de 2012

As pessoas que há em mim - Por Anatasha Meckenna

Durante muitas apresentações musicais, membros do público sempre me questionam:
"Quantas pessoas existem aí, dentro de você?"
Isso se dá por alguns motivos notáveis:
Minha estatura mediana e estreita (que dá sempre a sensação de fragilidade);
Minha capacidade de cantar inúmeros estilos, gêneros e vozes musicais.
A isso, apenas posso responder recordando-me do célebre Fernando Pessoa. Em cada obra do escritor e poeta, Fernando apresenta as inúmeras e diversas pessoas que há dentro dele e que são tão vivas quanto o próprio 'eu' do Fernando.
Creio ainda que, todos nós somos dotados de diversas pessoas. E a música, assim como todas as artes, são portais mágicos dos quais surgem as mais diversas pessoas.
Isso nada tem a ver com a questão de múltiplas personalidades, mas é um rio que vem de uma nascente inesgotável quão inesgotável é a capacidade criadora do ser humano.
Na música, me encontro com as pessoas que há em mim. E posso afirmar que são muitas.
A Dilis, é a caçula. (Referência a voz de criança).
A voz grave nas populares obras é o meu 'eu' forte.
A voz aguda, a grandiosidade, o virtuosismo, dedicado ao Bel Canto.
E a voz suave, o intimismo e um pouco do mistério dentre tantos outros segredos que há em mim ou melhor, na minha alma de artista.
Assim, a música vai me fazendo feliz e me completando.
Posso ser quem eu quiser e como quiser.
Posso ser infinita.
Posso ser uma nascente, que de riacho vira rio e de rio vira mar e do mar vira oceano, num céu do universo sem fim que se chama 'eu'.

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